terça-feira, 10 de outubro de 2017

GPESEG Explica! Metodologia Científica #2 - Interferência no estudo: Estudo Observacional x Intervencional




Metodologia Científica #2
Interferência no estudo – Estudo observacional x Intervencional

Por: Juliana Viana Braga Carvalho


Para que uma pesquisa científica seja realizada, é necessário que algumas etapas sejam cumpridas, como o questionamento inicial (hipóteses) até a análise e formulação de conclusões sobre os dados que foram levantados no estudo. Dentre essas etapas, temos a escolha do tipo de estudo a ser utilizado. Essa escolha deve estar de acordo com os objetivos traçados para o estudo (1).

Sobre a abordagem do estudo, nós escrevemos um GPESEG Explica! que explica a diferença entre abordagem quantitativa e qualitativa (leia o artigo clicando aqui). Neste texto, iremos falar a respeito da interferência do pesquisador no desenvolvimento do estudo. Antes disso, precisamos apresentar o Perfil Epidemiológico do Estudo, que pode ser descritivo ou analítico.

Os estudos descritivos têm como objetivo descrever a realidade, e não se destinam nela intervir. Esses tipos de estudos descrevem a caracterização de aspectos semiológicos, etiológicos, fisiopatológicos e epidemiológicos de uma doença ou condição. Utilizam-se da associação de fatores para evidenciar a doença ou agravo a saúde. Por exemplo: em relação ao tempo, associam a doença ou agravo com horários, periodicidade, variação sazonional; em relação ao espaço, busca associar com a distribuição geográfica, urbana, rural ou outra; com relação as peculiaridades individuais, visa encontrar associação com idade, sexo, etnia, condições socio-economicas, dentre outros. (1)

Os estudos analíticos são delineados para examinar a hipótese entre uma exposição e uma doença ou condição relacionada à saúde. O investigador introduz um fator de exposição ou um novo recurso terapêutico, e avalia-o utilizando ferramentas bioestatísticas (1), afim de confirmar ou não a hipótese levantada.

Quanto à interferência do pesquisador no estudo, as pesquisas podem ser classificadas em dois grupos: estudo observacional ou não-experimental e estudo intervencional ou experimental (2,3).

Estudo observacional ou não experimental 

A observação consiste na aplicação dos sentidos, para obter uma determinada informação sobre algum aspecto da realidade. É considerada como ponto de partida para todo estudo científico. A denominação estudo observacional reserva-se a investigar situações que ocorrem naturalmente, sem intervenção do investigador. Os principais tipos de estudos observacionais são: estudos transversais, estudos de coorte, estudo tipo caso-controle e estudos ecológicos (2,3). 

Estudo intervencional ou experimental

No estudo intervencional, o pesquisador não se limita a observação, mas interfere pela exclusão, inclusão ou modificação de um determinado fator (1). Neste estudo a intervenção é sempre necessária, já que esta é o fator a ser estudado. Neste tipo de estudo, a intervenção será avaliada quanto às taxas de um determinado desfecho, desejável ou não. Ou seja, a partir do desfecho, consequência de uma intervenção pontual, a intervenção será avaliada como recomendável ou não. Podem ser realizadas tanto in vivo como in vitro. O principal tipo de estudo nesses casos é o ensaio clínico (2,3). 

Sendo assim, para que abordagem, o tipo de estudo e a interferência do pesquisador neste processo sejam escolhidas, é necessário levar em conta o objetivo do estudo, a realidade do pesquisador, e a aplicabilidade no resultado no campo prático. 


REFERÊNCIAS 

1. Hockman, B; Nahas, FX; Filho, RSO; Ferreira, LM. Desenhos de pesquisa. Acta Cirúrgica Brasileira - Vol 20 (Supl. 2) 2005. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/acb/v20s2/v20s2a02.pdf

2. Aragão, J. Introdução aos estudos quantitativos utilizados em pesquisas científicas. Revista Práxis, 2011. Disponível em: http://revistas.unifoa.edu.br/index.php/praxis/article/view/566/528

3. Cavalcanti, AL. Introdução à pesquisa aplicada à odontologia:
bases para a iniciação científica. Publ. UEPG Biol. Health Sci., Ponta Grossa, 9 (3/4): 45-53, set./dez. 2003. Disponível em: http://www.revistas2.uepg.br/index.php/biologica/article/viewFile/369/378







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