quarta-feira, 25 de outubro de 2017

GPESEG Explica!: Metodologia Científica #3: Dimensão temporal do estudo (Longitudinal x Transversal; Prospectivo x Retrospectivo)






Metodologia Científica
Dimensão temporal do estudo (Longitudinal x Transversal; Prospectivo x Retrospectivo)

Por Tainã Clarissa Santos da Silva de Oliveira

Neste terceiro texto da série “Metodologia Científica” vamos abordar a dimensão temporal no delineamento de pesquisa. A dimensão temporal do estudo está relacionada ao momento e frequência de coleta de dados que o investigador executa na sua pesquisa1.  Existem basicamente duas classificações quanto ao desenvolvimento do estudo no tempo: uma é o período de segmento do estudo, sendo eles: os tipos de pesquisa longitudinal e transversal, e a outra, a direcionalidade temporal do estudo que são os tipos de pesquisa prospectiva e retrospectiva.1,2

  • ·         Período de Segmento do Estudo

- Modelos Transversais: envolvem a coleta de dados em determinado ponto temporal (ou em vários pontos de um período de tempo curto, como 2 e 4 horas após uma operação). Todos os fenômenos estudados são contemplados durante um período de coleta de dados. Esses modelos mostram-se especialmente apropriados para descrever o estado de fenômenos ou relações entre fenômenos em um ponto fixo1.  Apresentam-se, portanto, como uma fotografia ou corte instantâneo que se faz numa população por meio de uma amostragem, examinando-se nos integrantes da casuística* ou amostra, a presença ou ausência da exposição e a presença ou ausência do efeito (ou doença).Possui como principais vantagens o fato de serem de baixo custo, e por praticamente não haver perdas de seguimento.2

*"Casuística: conjunto de casos pregressos e/ou prevalentes para um local, região ou contexto maior, a partir dos quais são elaboradas analogias e comparações com novos casos e assuntos temáticos correlacionados, passíveis de investigação." 

A casuística nesta definição refere-se a casos paradigmáticos que são modelos ou referência de comparação para estudos posteriores, sendo considerado "modelo base ou fonte" para a análise dos assuntos temáticos relacionados ao modelo paradigma.     

- Modelos Longitudinais: São os estudos onde existe uma sequência temporal conhecida entre uma exposição, ausência da mesma ou intervenção terapêutica, e o aparecimento da doença ou fato evolutivo.2 Os pesquisadores que coletam dados em mais de um ponto temporal ao longo de certo período usam o modelo longitudinal. Tal modelo é útil para estudar mudanças ao longo do tempo e para precisar a sequência temporal dos fenômenos, o que constitui um critério essencial para estabelecer a causalidade**.1

** A causalidade é o tema-chave no modelo quantitativo. Vários critérios têm sido propostos para inferir causalidade; o mais engenhoso consiste em eliminar a possibilidade de que a relação observada entre a causa presumida (VI) e o efeito (VD) não reflita a influência de uma terceira variável (possível causadora de confusão)1

  • ·         Direcionalidade temporal do estudo

- Modelos Prospectivos: começam com uma causa presumida e, depois, seguem em direção a um efeito presumido.1 ou seja, monta-se o estudo no presente, e o mesmo é seguido para o futuro. Apresenta as exigências inerentes à padronização e qualidade das informações colhidas2

- Modelos Retrospectivos: são aqueles em que um fenômeno observado no presente é relacionado a fenômenos ocorridos no passado1, ou seja, realiza-se o estudo a partir de registros do passado, e é seguido adiante a partir daquele momento até o presente, ou até um determinado ponto no passado.2.

Portanto, para se estabelecer uma descrição e execução consistente da metodologia de um estudo, o entendimento desses conceitos básicos, aliados a aplicação correta na etapa de coleta de dados, reduz a possibilidade de vieses relacionados a esta etapa, sendo essencial para garantir a qualidade do desenvolvimento da pesquisa nas fases subsequentes.


REFERÊNCIAS

  1. Polit, Denise F. Fundamentos de pesquisa em enfermagem [recurso eletrônico] : avaliação de evidências para a prática de enfermagem/ Denise F. Polit, Cheryl Tatano Beck ; tradução: Denise Regina de Sales ; [revisão técnica: Anna Maria Hecker Luz, Lísia Maria Fensterseifer, Maria Henriqueta Luce Kruse]. - 7. Ed., p.264,268,269 - Dados eletrônicos. – Porto Alegre: Artmed, 2011.
  2. Hockman, B; Nahas, FX; Filho, RSO; Ferreira, LM. Desenhos de pesquisa. Acta Cirúrgica Brasileira - Vol 20 (Supl. 2) 2005. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/acb/v20s2/v20s2a02.pdf




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