Metodologia
Científica
Dimensão temporal do estudo (Longitudinal x Transversal; Prospectivo x
Retrospectivo)
Por Tainã Clarissa Santos da Silva de Oliveira
Neste terceiro texto da série “Metodologia Científica” vamos abordar a
dimensão temporal no delineamento de pesquisa. A dimensão temporal do estudo
está relacionada ao momento e frequência de coleta de dados que o investigador executa
na sua pesquisa1. Existem
basicamente duas classificações quanto ao desenvolvimento do estudo no tempo: uma é o período de segmento do
estudo, sendo eles: os tipos de pesquisa longitudinal e transversal, e a outra, a direcionalidade temporal do estudo que são os tipos de pesquisa prospectiva e retrospectiva.1,2
- · Período de Segmento do Estudo
- Modelos
Transversais: envolvem a coleta de dados em determinado
ponto temporal (ou em vários pontos de um período de tempo curto, como 2 e 4
horas após uma operação). Todos os fenômenos estudados são contemplados durante
um período de coleta de dados. Esses modelos mostram-se especialmente
apropriados para descrever o estado de fenômenos ou relações entre fenômenos em
um ponto fixo1. Apresentam-se,
portanto, como uma fotografia ou corte instantâneo que se faz numa população
por meio de uma amostragem, examinando-se nos integrantes da casuística* ou
amostra, a presença ou ausência da exposição e a presença ou ausência do efeito
(ou doença).2 Possui como principais vantagens o fato de
serem de baixo custo, e por praticamente não haver perdas de seguimento.2
*"Casuística: conjunto de casos pregressos e/ou prevalentes para um local, região ou contexto maior, a partir dos quais são elaboradas analogias e comparações com novos casos e assuntos temáticos correlacionados, passíveis de investigação."
A casuística nesta definição refere-se a casos paradigmáticos que são modelos ou referência de comparação para estudos posteriores, sendo considerado "modelo base ou fonte" para a análise dos assuntos temáticos relacionados ao modelo paradigma.
- Modelos Longitudinais: São os estudos
onde existe uma sequência temporal conhecida entre uma exposição, ausência da
mesma ou intervenção terapêutica, e o aparecimento da doença ou fato evolutivo.2 Os
pesquisadores que coletam dados em mais de um ponto temporal ao longo de certo
período usam o modelo longitudinal. Tal modelo é útil para estudar
mudanças ao longo do tempo e para precisar a sequência temporal dos fenômenos,
o que constitui um critério essencial para estabelecer a causalidade**.1
** A causalidade é o tema-chave no modelo
quantitativo. Vários critérios têm sido propostos para inferir causalidade; o
mais engenhoso consiste em eliminar a possibilidade de que a relação observada
entre a causa presumida (VI) e o efeito (VD) não reflita a influência de uma
terceira variável (possível causadora de confusão)1
- · Direcionalidade temporal do estudo
- Modelos Prospectivos: começam com uma causa presumida e, depois, seguem em direção a um efeito presumido.1 ou seja, monta-se o estudo no presente, e o mesmo é seguido para o futuro. Apresenta as exigências inerentes à padronização e qualidade das informações colhidas2
- Modelos Retrospectivos: são
aqueles em que um fenômeno observado no presente é relacionado a fenômenos
ocorridos no passado1, ou seja, realiza-se o estudo a partir de
registros do passado, e é seguido adiante a partir daquele momento até o
presente, ou até um determinado ponto no passado.2.
Portanto,
para se estabelecer uma descrição e execução consistente da metodologia de um
estudo, o entendimento desses conceitos básicos, aliados a aplicação correta na
etapa de coleta de dados, reduz a possibilidade de vieses relacionados a esta
etapa, sendo essencial para garantir a qualidade do desenvolvimento da pesquisa
nas fases subsequentes.
REFERÊNCIAS
- Polit, Denise F. Fundamentos de pesquisa em enfermagem [recurso eletrônico] : avaliação de evidências para a prática de enfermagem/ Denise F. Polit, Cheryl Tatano Beck ; tradução: Denise Regina de Sales ; [revisão técnica: Anna Maria Hecker Luz, Lísia Maria Fensterseifer, Maria Henriqueta Luce Kruse]. - 7. Ed., p.264,268,269 - Dados eletrônicos. – Porto Alegre: Artmed, 2011.
- Hockman, B; Nahas, FX; Filho, RSO; Ferreira, LM. Desenhos de pesquisa. Acta Cirúrgica Brasileira - Vol 20 (Supl. 2) 2005. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/acb/v20s2/v20s2a02.pdf
Nenhum comentário:
Postar um comentário