quarta-feira, 20 de dezembro de 2017

GPESEG Explica! - Relação temporal entre efeito e exposição: Estudo de Coorte e Estudo de Caso.


Por: Jennifer Amazonas 

A epidemiologia estuda a distribuição das doenças, bem como os fatores determinantes dessa distribuição, em uma determinada população. Esses fatores determinantes são investigados pelos epidemiologistas como forma de buscar as causas associadas à probabilidade de apresentar ou ao risco aumentado de desenvolver determinada doença.1 Assim, a epidemiologia atua na área das pesquisas através do desenvolvimento de metodologias, contribuindo para a solução de questões clínicas e como guia de decisões fundamentadas nas melhores evidências disponíveis.2

Conforme a organização das pesquisas realizadas, existe uma variedade de desenhos de pesquisa com seus determinados roteiros e enfoques. Dentre os diferentes métodos científicos adotados, tem-se os que tratam da relação temporal entre efeito e exposição. Neste quesito, enquadram-se os estudos do tipo coorte e os estudos tipo caso-controle, explicitados a seguir:

Estudo de coorte - ou estudo de seguimento, onde se compara uma amostra de indivíduos divididos entre expostos e não expostos a um fator estudado durante um período de tempo como forma de investigas a incidência de uma doença ou situação clínica. Coorte significa que esse grupo de pessoas apresentam como característica comum a exposição ou não ao fator em estudo, representando um estudo analítico e longitudinal e podendo ser prospectivo ou retrospectivo.2

Vantagens3
Limitações3
Produz medidas diretas de risco
Vulnerabilidade a perdas de integrantes
Possibilidade de análise de vários desfechos
Variáveis de confundimento
Simplicidade de desenho
Inadequado para doenças de baixa frequência
Ausência de problemas éticos dos estudos experimentais
Alto custo relativo
Facilidade de análise
Na maioria das vezes, os resultados são obtidos somente após longo prazo de acompanhamento

Estudo de caso-controle - ou estudo de caso-referência, no qual a amostra populacional é dividida entre doentes e não doentes, sendo denominadas respectivamente de "casos" e "controle". Nesse método, investiga-se a exposição ou não a um fator, comparando-se as proporções de exposição prévia. Constitui-se de um estudo analítico, longitudinal e retrospectivo e apresenta como vantagens ser pouco oneroso aos participantes, ser rápido e ser útil para a formulação de hipóteses. Vale destacar que, comparado ao de coorte, esse estudo se destaca como método de escolha para casos de doenças raras ou quando a permanência da exposição se traduz em malefícios ao paciente.2

Vantagens3
Limitações3
Resultados obtidos rapidamente (não precisa esperar a doença acontecer)
A seleção do grupo controle é uma grande dificuldade, ocorre falta de comparabilidade entre as características dos casos e controles
Baixo custo
Os dados de exposição no passado podem ser inadequados (incompletos nos prontuários ou falhos na memória das pessoas)
Muitos fatores de risco podem ser investigados
Os dados de exposição podem ser viciados (as pessoas que tiveram a doença podem lembrar mais dos fatores de risco ou  supervalorizar”)
Não há necessidade de acompanhamento dos participantes
Interpretação dificultada pela presença de fatores de confundimento
Método prático para investigação da etiologia (causas) de doenças raras

Conforme o exposto, os tipos de pesquisa acima citados permitem avaliar a causalidade atrelada à manifestação das doenças. Tal avaliação proporciona uma investigação dos fatores causais associados aos problemas de saúde, corroborando para a identificação de determinantes das doenças, a adoção de medidas preventivas ao surgimento de enfermidades e para orientação quanto ao manejo clínico dos indivíduos acometidos. 

Referências:
1- ALMEIDA-FILHO,N; BARRETO, M. Epidemiologia & Saúde: Fundamentos, métodos e aplicações. Guanabara Koogan: Rio de Janeiro, 2012.
2- HOCHMAN, Bernardo et al. Research designs. Acta Cirúrgica Brasileira, v. 20, p. 2-9, 2005.
3- PEREIRA, Maurício G. Epidemiologia – Teoria e Prática. 5ª reimpressão, Guanabara Koogan: Rio de Janeiro, 2001.


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