segunda-feira, 15 de julho de 2019

GPESEG EXPLICA! Eventos Adversos Associados ao Uso de Cateteres Venosos Periféricos


Por: Natália da Conceição Andrade Monteiro. Enfermeira especialista em
Enfermagem médico - cirúrgica nos moldes de residência. Membro do Grupo
de Pesquisa e Extensão em Segurança e Sustentabilidade em Saúde- GPESEG.


O avanço científico e tecnológico utilizado nos serviços de saúde aumentou-se a indicação da terapia infusional (TI) no âmbito hospitalar, sendo considerado como um dos tratamentos invasivos mais utilizados mundialmente. Estudos comprovam que aproximadamente 85% de todos os pacientes hospitalizados necessitarão de alguma forma de TI (1).

O cateter venoso periférico (CVP) é o dispositivo mais utilizado para viabilizar a TI e de grande relevância para a assistência sendo reconhecido como um dos procedimentos invasivos mais utilizados na assistência clínica moderna, correspondendo a dois terços dos procedimentos de enfermagem (2). 

Embora tais dispositivos sejam tão amplamente utilizados e frequentemente considerados como de baixo risco para o paciente, o uso do CVP está associado a ocorrência de eventos adversos que podem prejudicar a administração do tratamento e causar danos à saúde do paciente (3) .

O incidente é um evento ou circunstância que poderia ter resultado, ou resultou, em dano desnecessário ao paciente. Existe o incidente que chega ao paciente, mas não resulta em danos; o incidente que não alcança o paciente, chamado de near miss ou “quase erro” e o incidente que causa danos ao paciente, conhecido como evento adverso (4).

Os eventos adversos associados com o uso do CVP incluem remoção acidental do cateter, flebite, oclusão, infiltração, extravasamento, hematoma e infecções (3) (5).

Segundo a Infusion Nurses Society (INS) existem vários fatores que contribuem para a ocorrência de EAs relacionados com o uso de CVP. Estes podem ser agrupados em fatores relacionados à terapia medicamentosa (antimicrobianos, reposição de eletrólitos, etc), relacionados ao paciente (comorbidades, cor da pele, idade, etc), ao cateter (tipo de cateter selecionado, o material do cateter) e à prática de manutenção desses dispositivos (técnica de inserção do cateter, realização de aspiração, flushing, desinfecção, entre outros) (5) .

A equipe de Enfermagem é uma das principais responsáveis pela prática da TI, compreendendo os cuidados pertinentes à prática de inserção e manutenção dos cateteres venosos periféricos tendo papel diferenciador no processo de evitabilidade e mitigação da ocorrência de incidentes e erros provenientes dessa assistência (6).

O monitoramento da prática de manutenção dos CVP é de extrema importância para as instituições hospitalares, pois suas consequências repercutem nos indicadores de qualidade da assistência à saúde refletindo diretamente na segurança do paciente (6). 


Referências

1) Keogh S, Flynn J, Marsh N, Higgins N, Davies K, Rickard CM. Nursing and midwifery practice for maintenance of vascular access device patency. A cross-sectional survey. Int J Nurs Stud [Internet]. 2015. [acesso em: 13 Jul. 2019]; Nov; 52(11):1678-85. Disponível em: https://doi.org/10.1016/j.ijnurstu.2015.07.001.

2) Sousa, P.; Mendes, W. Organizadores. SEGURANÇA DO PACIENTE. v. 1: CONHECENDO OS RISCOS NAS ORGANIZAÇÕES DE SAÚDE. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz; 2014. 452 p. ISBN: 978- 85-8432-013-4

3) Miliani K, Taravella R, Thillard D, Chauvin V, Martin E, Edouard S, Astagneau P. Peripheral Venous Catheter-Related Adverse Events: Evaluation from a Multicentre Epidemiological Study in France (the CATHEVAL Project). PLoS One. 2017; 12 (1):e0168637. Epub 2017 3 de janeiro. [Acesso em: 13 jul. 2019]; Disponível em: https://doi.org/10.1371/journal.pone.0168637

4) WHO. World Health Organization. World alliance for Patient Safety. The conceptual framework for the international classification for patient safety: final technical report. Version 1.1. Lisboa: WHO, 2009

5) Infusion Nurses Society – INS. Diretrizes Práticas para Terapia Infusional. Brasil, São Paulo, 2018.

6) MOREIRA, Ana Paula Amorim et al. Uso de tecnologias em terapia intravenosa: contribuições para uma prática mais segura. Rev. Bras. Enferm. Brasília, v. 70, n. 3, p. 595-601, junho de 2017. Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-71672017000300595&lng=en&nrm=iso>. Acesso em 13 de julho de 2019. http://dx.doi.org/10.1590/0034-7167-2016-0216.

Nenhum comentário:

Postar um comentário