quarta-feira, 18 de setembro de 2019

GPESEG EXPLICA! Segurança clínica nos cuidados aos pacientes onco-hematológicos neutropênicos


Por: Michelle da Silva Martins José. Enfermeira especialista em Oncologia. Coordenadora de Enfermagem do serviço de oncologia de um hospital militar.


Para o biênio 2018-2019, é estimado o registro de 300.000 novos casos de câncer em homens, e 282.000 novos casos de câncer em mulheres. ¹
Números altos, que nos remetem a uma reflexão sobre como melhorar os cuidados clínicos a este paciente, que normalmente encontra-se sobre fragilidade físico-psicológica, devido ao diagnóstico de câncer.
Uma das modalidades de tratamento das doenças onco-hematológica mais utilizada é a quimioterapia. Os quimioterápicos anti-neoplásicos agem em diferentes fases do ciclo celular, porém em sua maioria não são específicos para células malignas, atingem tanto células benignas quanto neoplásicas de rápida proliferação. ²
O sistema hematológico é um dos mais afetados pela toxicidade do tratamento quimioterápico. A mielossupressão é observada, sobretudo, pela baia contagem de neutrófilos. Um estado de neutropenia é definido como uma contagem de neutrófilos entre 500 – 1.500 células/mm³, com tendência à queda. ³
Quando ocorre febre associada à neutropenia, configura-se uma emergência oncológica, a neutropenia febril.
Febre em pacientes neutropênicos é uma complicação frequente da quimioterapia antineoplásica. Ocorre em 10 a 50% dos pacientes com tumores sólidos e em mais de 80% dos pacientes com neoplasias hematológicas, acarretando aumento da morbidade e mortalidade. ² Sabe-se que mais de 20% destes pacientes, apresentam neutropenia febril por bacteremia.³
Um fator adicional de risco para desenvolvimento de neutropenia febril em pacientes em tratamento quimioterápico é o período de Nadir. O Nadir é o tempo de menor contagem de leucócitos após o regime quimioterápico, normalmente acontece entre o 10º e 14º dia, porém varia de acordo com as drogas utilizadas e seus respectivos intervalos de administração. ²
No âmbito hospitalar, o paciente neutropênico está submetido a maior risco de desenvolver infecção, pois é exposto a um ambiente com diversos microorganismos multirresistentes, punções venosas e procedimentos invasivos. ²
Como profissionais de saúde, o que devemos fazer para proporcionar segurança clínica, principalmente relacionado à prevenção de infecção, para este paciente em questão?

       Primeiramente, realizar efetiva higiene das mãos, em todos os 5 momentos recomendados.4
       Identificar e, quando indicado, tratar a fonte suspeita ou confirmada da infecção.
       Realizar culturas de vigilância de agentes infecciosos epidemiologicamente importantes.
       Restringir a atividade dos profissionais de saúde com algum tipo de processo infeccioso ou viral, mesmo que se encontre fisicamente apto ao trabalho.
       Restringir a visita de acompanhantes e familiares, nas mesmas condições citadas para os profissionais de saúde.
       Realizar práticas seguras na aplicação de medicamentos, como evitar o uso de medicações com frascos multidoses.
       Realizar limpeza, desinfecção e esterilização de materiais, equipamentos e ambiente de acordo com a classificação de risco em causar infecção: crítico, semicrítico ou não crítico.
       Utilizar as medidas de barreira pelo paciente-fonte (Ex. uso de máscara cirúrgica durante o transporte intra-hospitalar).
       Utilizar medidas de precaução padrão.
       Utilizar equipamento de proteção coletiva.
       Utilizar dispositivos de segurança em materiais perfuro cortantes.
       Realizar a manutenção preventiva dos sistemas de ventilação de ar e reservatórios de água.
       Manter boas práticas sanitárias no preparo, na distribuição e no armazenamento de alimentos.
       Utilizar técnica asséptica na inserção e na manutenção de dispositivos invasivos: cateter vascular, cateter vesical, cânula endotraqueal e circuitos/acessórios de ventilação mecânica. 5
Como podemos observar, a integração da equipe multiprofissional é apresentada como estratégia de extrema importância para garantir a segurança clínica a este paciente, e assim, promover menores registros de morbidade e mortalidade.

Referências bibliográficas
  1. INCA. Instituto Nacional de Câncer. Disponível em https://www.inca.gov.br/numeros-de-cancer , Acessado em 02 de Setembro de 2019.
  2. Lima, Milena Fontes Silva; Minetto, Rita de Cássia. Conhecimentos de pacientes onco-hematológicos em tratamento quimioterápico sobre os cuidados para prevenção de infecções. Com. Ciências Saúde.2014; 25(1): 35-44. Disponível em http://bvsms.saude.gov.br/bvs/periodicos/conhecimento_pacientes_onco.pdf. Acessado em 02 de Setembro de 2019.
  3. Enfermagem em Oncologia. Coordenadoras Selma Montosa Fonseca, Sonia Regina Pereira. São Paulo: Editora Atheneu, 2013.
  4. WHO. World Health Organization. World alliance for Patient Safety. The conceptual framework for the international classification for patient safety: final technical report. Version 1.1. Lisboa: WHO, 2009.
  5. Oncologia para Enfermagem. Andrea Bezerra Rodrigues; Patricia Peres de Oliveira, coordenadoras. São Paulo: Manole, 2016.




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