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Por: Michelle da Silva Martins José. Enfermeira especialista em Oncologia. Coordenadora de Enfermagem do serviço de oncologia de um hospital militar. |
Para o biênio 2018-2019, é estimado
o registro de 300.000 novos casos de câncer em homens, e 282.000 novos casos de
câncer em mulheres. ¹
Números altos, que nos remetem a uma
reflexão sobre como melhorar os cuidados clínicos a este paciente, que
normalmente encontra-se sobre fragilidade físico-psicológica, devido ao
diagnóstico de câncer.
Uma das modalidades de tratamento
das doenças onco-hematológica mais utilizada é a quimioterapia. Os
quimioterápicos anti-neoplásicos agem em diferentes fases do ciclo celular,
porém em sua maioria não são específicos para células malignas, atingem tanto
células benignas quanto neoplásicas de rápida proliferação. ²
O sistema hematológico é um dos mais
afetados pela toxicidade do tratamento quimioterápico. A mielossupressão é
observada, sobretudo, pela baia contagem de neutrófilos. Um estado de
neutropenia é definido como uma contagem de neutrófilos entre 500 – 1.500
células/mm³, com tendência à queda. ³
Quando ocorre febre associada à
neutropenia, configura-se uma emergência oncológica, a neutropenia febril.
Febre em pacientes neutropênicos é
uma complicação frequente da quimioterapia antineoplásica. Ocorre em 10 a 50%
dos pacientes com tumores sólidos e em mais de 80% dos pacientes com neoplasias
hematológicas, acarretando aumento da morbidade e mortalidade. ² Sabe-se que
mais de 20% destes pacientes, apresentam neutropenia febril por bacteremia.³
Um fator adicional de risco para
desenvolvimento de neutropenia febril em pacientes em tratamento quimioterápico
é o período de Nadir. O Nadir é o tempo de menor contagem de leucócitos após o
regime quimioterápico, normalmente acontece entre o 10º e 14º dia, porém varia
de acordo com as drogas utilizadas e seus respectivos intervalos de
administração. ²
No âmbito hospitalar, o paciente
neutropênico está submetido a maior risco de desenvolver infecção, pois é
exposto a um ambiente com diversos microorganismos multirresistentes, punções
venosas e procedimentos invasivos. ²
Como profissionais de saúde, o que
devemos fazer para proporcionar segurança clínica, principalmente relacionado à
prevenção de infecção, para este paciente em questão?
●
Primeiramente, realizar efetiva higiene das mãos, em todos os 5
momentos recomendados.4
●
Identificar e, quando indicado, tratar a fonte suspeita ou confirmada
da infecção.
●
Realizar culturas de vigilância de agentes infecciosos
epidemiologicamente importantes.
●
Restringir a atividade dos profissionais de saúde com algum tipo
de processo infeccioso ou viral, mesmo que se encontre fisicamente apto ao
trabalho.
●
Restringir a visita de acompanhantes e familiares, nas mesmas
condições citadas para os profissionais de saúde.
●
Realizar práticas seguras na aplicação de medicamentos, como
evitar o uso de medicações com frascos multidoses.
●
Realizar limpeza, desinfecção e esterilização de materiais,
equipamentos e ambiente de acordo com a classificação de risco em causar
infecção: crítico, semicrítico ou não crítico.
●
Utilizar as medidas de barreira pelo paciente-fonte (Ex. uso de
máscara cirúrgica durante o transporte intra-hospitalar).
●
Utilizar medidas de precaução padrão.
●
Utilizar equipamento de proteção coletiva.
●
Utilizar dispositivos de segurança em materiais perfuro cortantes.
●
Realizar a manutenção preventiva dos sistemas de ventilação de ar
e reservatórios de água.
●
Manter boas práticas sanitárias no preparo, na distribuição e no
armazenamento de alimentos.
●
Utilizar técnica asséptica na inserção e na manutenção de
dispositivos invasivos: cateter vascular, cateter vesical, cânula endotraqueal
e circuitos/acessórios de ventilação mecânica. 5
Como podemos observar, a integração
da equipe multiprofissional é apresentada como estratégia de extrema
importância para garantir a segurança clínica a este paciente, e assim,
promover menores registros de morbidade e mortalidade.
Referências bibliográficas
- INCA. Instituto Nacional de Câncer. Disponível em https://www.inca.gov.br/numeros-de-cancer , Acessado em 02 de Setembro
de 2019.
- Lima, Milena Fontes Silva; Minetto, Rita de Cássia.
Conhecimentos de pacientes onco-hematológicos em tratamento quimioterápico
sobre os cuidados para prevenção de infecções. Com. Ciências Saúde.2014;
25(1): 35-44. Disponível em http://bvsms.saude.gov.br/bvs/periodicos/conhecimento_pacientes_onco.pdf. Acessado em 02 de Setembro de
2019.
- Enfermagem em Oncologia. Coordenadoras Selma Montosa
Fonseca, Sonia Regina Pereira. São Paulo: Editora Atheneu, 2013.
- WHO. World Health Organization. World alliance for
Patient Safety. The conceptual framework for the international
classification for patient safety: final technical report. Version 1.1.
Lisboa: WHO, 2009.
- Oncologia para Enfermagem.
Andrea Bezerra Rodrigues; Patricia Peres de Oliveira, coordenadoras. São
Paulo: Manole, 2016.
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