Segurança do paciente, segundo a Organização Mundial
de Saúde (OMS), é o termo utilizado para a redução de danos desnecessários
associados à assistência em saúde. 1 No entanto, para fornecer uma
assistência de alta qualidade e segurança aos pacientes, é necessário que os
profissionais de saúde sejam adequadamente preparados.2
Para a enfermagem, Florence Nightingale introduziu o
termo não causar danos aos pacientes, como um pressuposto básico para a
profissão. Essa profissão destaca-se por ter o cuidado direto com o paciente
durante todo o seu percurso nos sistemas de saúde, sendo corresponsável por
diversos erros, mas também auxiliando na disseminação dos conceitos sobre
segurança do paciente.2 Entretanto, garantir a segurança do paciente
envolve um trabalho multiprofissional e em equipe. Sendo assim, o Ministério da
Saúde, através da Portaria n°529, de 1° de Abril de 2013, instituiu o Programa
Nacional de Segurança do Paciente (PNSP), cujo um dos seus objetivos é fomentar
a inclusão do tema segurança do paciente no ensino técnico e de graduação e pós
graduação na área da saúde.3
Nesse sentido, é importante ressaltar que a cultura
de segurança não é instantaneamente adquirida, mas sim construída, e a
graduação é essencial nesse processo de formação em cada profissional. Enquanto
futuros líderes e prestadores do cuidado em saúde, é vital que os estudantes de
todas as áreas da saúde sejam bem informados e habilidosos na aplicação dos
princípios e conceitos relacionados à segurança do paciente, e que sejam
capazes de implementar uma cultura justa, transparente, com foco em medidas
educativas para o combate às falhas no cuidado. 2
Para que ocorra a construção de uma educação efetiva
em segurança do paciente por instituições acadêmicas de saúde é necessário que
esta temática englobe toda a estrutura curricular e de forma articulada,
independente dos estudantes já terem avançado ou não em técnica.2,4
Este ensino deve se dar desde o primeiro período da graduação, a partir de
ações de ensino-aprendizagem que assegurem uma atuação segura ao longo da
formação e que se sustentem também no decorrer da atuação profissional. 2
Historicamente, os cursos da saúde trabalham na
perspectiva da assertividade, porém, essa abordagem, de certa forma, prejudica
a cultura de segurança, uma vez que o ambiente hospitalar é complexo e
apresenta muitos riscos à saúde, como a superlotação, condições inadequadas de
trabalho, tratamentos complexos, tecnologias avançadas que exigem atualização e
atenção constante, entre outros. Além disso, a percepção da possibilidade de
que o erro possa acontecer constitui-se no primeiro passo para fortalecer as
ações de segurança no ensino. Discutir os erros dos estudantes também é uma
forma de aprendizado, pois estes podem acontecer durante a formação. Com isso,
se desde o início da formação for trabalhada essa cadeia de fatores que são
necessários para estabelecer uma cultura de segurança, melhores serão os
resultados desses profissionais depois de formados, implicando em atitudes
efetivas para um cuidado seguro. 5
É necessário, por fim, analisar que a cultura de
segurança do paciente perpassa por todos os conteúdos programáticos e da mesma
forma, também é visível em todas as áreas e setores de atuação profissional.
Dessa forma, embora a inclusão desta temática nos cursos de graduação ainda
seja frágil, é imprescindível que ela esteja presente, sendo importante também
a possibilidade de troca interprofissional.
Referências:
1) Ministério
da Saúde; Documento de referência para o Programa Nacional de Segurança do
Paciente; 2014
2) Gonçalves,
Natália; Siqueira, Lilian Dias Castilhos; Caliri, Maria Helena Larcher. Ensino
sobre segurança do paciente nos cursos de graduação: um estudo bibliométrico.
Rev enferm UERJ [on line]; 2017.
3) Ministério
da Saúde; Portaria n° 529, de 1° de abril de 2013. Institui Programa Nacional
de Segurança do Paciente (PNSP)
4) Melleiro,
Marta Maria; Tronchin, Daisy Maria R; Lima, Marlise de Oliveira P; Garzim, Ana
Claudia Alcântara; Martins, Maristela Santini; Cavalcante, Maria de Belém
Gomes; Gennari, Terezinha Dalossi; Afonso, Maria Heliana de Moura; Popov,
Debora Cristina S; Carneiro, Ana Maria Costa; Catala, Cristina. Temática
segurança do paciente nas matrizes curriculares de escolas de graduação em
enfermagem e obstetrícia. Rev. Baiana enferm [on line]; 2017.
5) Cauduro,
Graziela Maria Rosa; Magnago, Tânia Solange Bosi de Souza; Andolhe, Rafaela;
Lanes, Taís Carpes; Ongaro, Juliana Dal. Segurança do paciente na compreensão
de estudantes da área da saúde. Rev Gaúcha Enferm [on line]; 2017.
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