terça-feira, 10 de setembro de 2019

GPESEG EXPLICA! A Importância da temática segurança do paciente no ensino de graduação em saúde

Por: Camilla Anselmo Furtado. Acadêmica de Enfermagem da Escola de Enfermagem Anna Nery. Membro do  Grupo de Pesquisa e Extensão em Segurança e Sustentabilidade em Saúde- GPESEG.



Segurança do paciente, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), é o termo utilizado para a redução de danos desnecessários associados à assistência em saúde. 1 No entanto, para fornecer uma assistência de alta qualidade e segurança aos pacientes, é necessário que os profissionais de saúde sejam adequadamente preparados.2

Para a enfermagem, Florence Nightingale introduziu o termo não causar danos aos pacientes, como um pressuposto básico para a profissão. Essa profissão destaca-se por ter o cuidado direto com o paciente durante todo o seu percurso nos sistemas de saúde, sendo corresponsável por diversos erros, mas também auxiliando na disseminação dos conceitos sobre segurança do paciente.2 Entretanto, garantir a segurança do paciente envolve um trabalho multiprofissional e em equipe. Sendo assim, o Ministério da Saúde, através da Portaria n°529, de 1° de Abril de 2013, instituiu o Programa Nacional de Segurança do Paciente (PNSP), cujo um dos seus objetivos é fomentar a inclusão do tema segurança do paciente no ensino técnico e de graduação e pós graduação na área da saúde.3

Nesse sentido, é importante ressaltar que a cultura de segurança não é instantaneamente adquirida, mas sim construída, e a graduação é essencial nesse processo de formação em cada profissional. Enquanto futuros líderes e prestadores do cuidado em saúde, é vital que os estudantes de todas as áreas da saúde sejam bem informados e habilidosos na aplicação dos princípios e conceitos relacionados à segurança do paciente, e que sejam capazes de implementar uma cultura justa, transparente, com foco em medidas educativas para o combate às falhas no cuidado. 2

Para que ocorra a construção de uma educação efetiva em segurança do paciente por instituições acadêmicas de saúde é necessário que esta temática englobe toda a estrutura curricular e de forma articulada, independente dos estudantes já terem avançado ou não em técnica.2,4 Este ensino deve se dar desde o primeiro período da graduação, a partir de ações de ensino-aprendizagem que assegurem uma atuação segura ao longo da formação e que se sustentem também no decorrer da atuação profissional. 2

Historicamente, os cursos da saúde trabalham na perspectiva da assertividade, porém, essa abordagem, de certa forma, prejudica a cultura de segurança, uma vez que o ambiente hospitalar é complexo e apresenta muitos riscos à saúde, como a superlotação, condições inadequadas de trabalho, tratamentos complexos, tecnologias avançadas que exigem atualização e atenção constante, entre outros. Além disso, a percepção da possibilidade de que o erro possa acontecer constitui-se no primeiro passo para fortalecer as ações de segurança no ensino. Discutir os erros dos estudantes também é uma forma de aprendizado, pois estes podem acontecer durante a formação. Com isso, se desde o início da formação for trabalhada essa cadeia de fatores que são necessários para estabelecer uma cultura de segurança, melhores serão os resultados desses profissionais depois de formados, implicando em atitudes efetivas para um cuidado seguro. 5

É necessário, por fim, analisar que a cultura de segurança do paciente perpassa por todos os conteúdos programáticos e da mesma forma, também é visível em todas as áreas e setores de atuação profissional. Dessa forma, embora a inclusão desta temática nos cursos de graduação ainda seja frágil, é imprescindível que ela esteja presente, sendo importante também a possibilidade de troca interprofissional.



Referências:
1)      Ministério da Saúde; Documento de referência para o Programa Nacional de Segurança do Paciente; 2014
2)      Gonçalves, Natália; Siqueira, Lilian Dias Castilhos; Caliri, Maria Helena Larcher. Ensino sobre segurança do paciente nos cursos de graduação: um estudo bibliométrico. Rev enferm UERJ [on line]; 2017.
3)      Ministério da Saúde; Portaria n° 529, de 1° de abril de 2013. Institui Programa Nacional de Segurança do Paciente (PNSP)
4)      Melleiro, Marta Maria; Tronchin, Daisy Maria R; Lima, Marlise de Oliveira P; Garzim, Ana Claudia Alcântara; Martins, Maristela Santini; Cavalcante, Maria de Belém Gomes; Gennari, Terezinha Dalossi; Afonso, Maria Heliana de Moura; Popov, Debora Cristina S; Carneiro, Ana Maria Costa; Catala, Cristina. Temática segurança do paciente nas matrizes curriculares de escolas de graduação em enfermagem e obstetrícia. Rev. Baiana enferm [on line]; 2017.
5)      Cauduro, Graziela Maria Rosa; Magnago, Tânia Solange Bosi de Souza; Andolhe, Rafaela; Lanes, Taís Carpes; Ongaro, Juliana Dal. Segurança do paciente na compreensão de estudantes da área da saúde. Rev Gaúcha Enferm [on line]; 2017.


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